VIOLÃO DE CINCO CORDAS

Revendo papéis virtuais aqui, me deparei hoje com uma poesia feita pelo poeta Paulo Neves. Quando comecei a compor músicas, em 2007, ele veio numa tarde aqui em casa com meu pai. Almoçamos, caminhamos pela Santa Cecília e depois, eu e Bruna, minha grande amiga, mostramos algumas músicas que tínhamos feito. Na época eu tocava com um violão sem a corda ré, porque ela tinha estourado e eu acabei compondo músicas desse jeito.
Algumas semanas depois, Paulo me mandou essa poesia.
Com seu poder de visão e cristal, me devolveu o que tínhamos vivido naquela tarde.
Paulo é meu padrinho, e me dá presentes como este poema.
Outro presente é o prefácio do meu livro de palíndromos "SÓS", que lancei em 2009 e que terá nova edição daqui a um mês.
Eis o poema de Paulo Neves:


VIOLÃO DE CINCO CORDAS
(Fim de tarde em Santa Cecília)

para Marina e Bruna

A luz oblíqua do sol
põe na parede do edifício
branca e carcomida
um pungente sinal.
Estive aqui
quarenta anos atrás.

Mas percorrer as ruas,
rever as árvores altas
da Dona Viridiana,
o velho prédio de tijolos
da Santa Casa,
é só uma aproximação.

A memória não restitui
o inaugural
senão por outras vozes.
E são elas, é com elas
acompanhadas de um violão
de cinco cordas

que o meu coração encontra
na corda ausente
o que lhe ardeu na antiga tarde
– um puro amor,
um puro amor impossível
que ainda arde.

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